O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, sugeriu "um imposto adicional sobre o 'fast food', o açúcar, o sal e gorduras destinados aos cofres da Saúde". Ontem, num evento público moderado pelo ministro da Saúde Paulo Macedo, José Manuel Silva propôs um imposto especial sobre o 'fast food', entre hambúrgueres, batatas fritas, refrigerantes e todos os alimentos com excesso de sal, gordura e açúcar, adiantando que uma taxa justa e útil rondaria os 10%, a somar ao IVA. As cadeias de 'fast food' estão sujeitas ao IVA da restauração, na taxa intermédia de 13%, mas já foi noticiado que uma revisão da carga fiscal poderá no futuro pôr os restaurantes a pagar a taxa máxima. A medida foi adoptada na Hungria na semana passada (a lei entrou em vigor no dia 1 de Setembro) e abrange batatas fritas, barras de chocolate, hambúrgueres e impõe um aumento de 10% no imposto sobre álcool e bebidas refrigerantes. Segundo a imprensa internacional, a perspectiva é que ela renda cerca de 111 milhões de euros por ano e cubra 1/3 do défice da saúde da Hungria (371 milhões de euros). Para José Manuel Silva, a medida significa apenas alargar um "princípio inteligente" já utilizado nos impostos sobre o tabaco ou nas multas por falta de cinto de segurança e diz que não consegue prever os ganhos de um imposto semelhante, mas sublinha que este mercado deve ascender anualmente a "milhares de milhões de euros". Uma fatia poderia contribuir para a redução das dívidas da saúde a fornecedores, que, segundo os últimos dados disponíveis, ascendem a 2,7 mil milhões de euros. "Isto já acontece com o tabaco, em que uma parte do imposto financia equipamento hospitalar, nomeadamente no Instituto Português de Oncologia. Estamos numa situação financeira complicada e temos de ser inovadores. Só a discussão desta questão pode encaminhar para comportamentos mais saudáveis e reduzir doenças crónicas como a hipertensão, a diabetes e o colesterol. Já o imposto seria uma renda muito apreciável para o Sistema Nacional de Saúde, além dos resultados em termos de saúde pública". Ainda segundo a sua análise, a mudança de hábitos permitiria eliminar e prevenir 90% dos casos de diabetes tipo 2, uma das causas principais de transplante renal: "Os custos estão todos ligados, seria um efeito em cascata. Hoje em dia as doenças crónicas consomem 80% do orçamento da saúde". "A ideia não é taxar uma cadeia de 'fast food' mas alimentos e produtos. Algumas já têm menus com poucas calorias. Vendem garrafas de água que não seriam taxadas". Pegando de novo no exemplo pioneiro da Hungria, a cafeína foi outro dos ingredientes afectados. O "imposto das batatas fritas", como foi denominado pela imprensa húngara, tem sido considerado vago pela indústria alimentar e está a provocar uma revolução no mercado, com o aparecimento de novos produtos como chocolate com mais cacau e menos açúcar, versões 'diet' de bolachas ou novas receitas. Em relação às bebidas, a lei diz que todas as que tenham menos de 25% de sumo de fruta por decilitro e 8 gramas de açúcar passam a pagar mais. No pacote de batatas, o sal não pode exceder 1% do conteúdo.
Será que esta nova medida conduzirá a uma alimentação mais saudável por parte das pessoas? O secretário-geral da associação de Defesa do Consumidor (DECO), José Morgado, disse hoje que não. "A posição da DECO sobre o impostos e produtos alimentares, como o 'fast food' e outros alimentos menos saudáveis, é de que isso só vai aumentar o orçamento do Estado e não vai fazer com que as pessoas se alimentem de forma mais saudável", disse Morgado. "O que nós pensamos é que é preciso informar, esclarecer, educar as pessoas sobre o assunto, fazer campanhas sobre uma alimentação mais saudável. Há muito tempo que não há campanhas neste sentido", referiu e acrescentou que a posição da DECO é de que alguns alguns alimentos básicos como pão, leite e ovos, devem ser isentos do IVA, "para ajudar a população mais desfavorecida a ter acesso a estes produtos". Segundo Morgado, os alimentos da chamada dieta mediterrânica, considerada por especialistas como uma alimentação saudável, deveriam ainda ter um IVA de valor mínimo.
Será que esta nova medida conduzirá a uma alimentação mais saudável por parte das pessoas? O secretário-geral da associação de Defesa do Consumidor (DECO), José Morgado, disse hoje que não. "A posição da DECO sobre o impostos e produtos alimentares, como o 'fast food' e outros alimentos menos saudáveis, é de que isso só vai aumentar o orçamento do Estado e não vai fazer com que as pessoas se alimentem de forma mais saudável", disse Morgado. "O que nós pensamos é que é preciso informar, esclarecer, educar as pessoas sobre o assunto, fazer campanhas sobre uma alimentação mais saudável. Há muito tempo que não há campanhas neste sentido", referiu e acrescentou que a posição da DECO é de que alguns alguns alimentos básicos como pão, leite e ovos, devem ser isentos do IVA, "para ajudar a população mais desfavorecida a ter acesso a estes produtos". Segundo Morgado, os alimentos da chamada dieta mediterrânica, considerada por especialistas como uma alimentação saudável, deveriam ainda ter um IVA de valor mínimo.
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